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AGRONEGÓCIOS Segunda-feira, 28 de Abril de 2025, 13:41 - A | A

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AGRONEGÓCIOS / INDÍCIOS DE FRAUDES

Grupo Safras pede recuperação judicial e é acusado de esquema para dar calote em produtores rurais

Segundo denúncias, milhões de quilos de soja teriam desaparecido de armazéns da empresa que acumula dívidas que ultrapassam R$ 2,2 bilhões

Vanessa Moreno/RepórterMT



O Grupo Safras Armazéns Gerais Ltda. está sendo acusado de entrar com um pedido de recuperação judicial para dar calote em produtores rurais. Segundo denúncia, empresas teriam entregado grãos aos armazéns do grupo, mas posteriormente descobriram que os produtos haviam desaparecido. O fato resultou em ações judiciais por parte dos credores que não conseguiram recuperar seus bens e valores.

De acordo com uma denúncia feita na Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública em Cuiabá, o Grupo Safras e seus sócios Dilceu Rossato e Pedro Moraes Filho, e o fundo de investimento Flowinvest estão sendo investigados por um suposto esquema de apropriação indébita, fraude e lavagem de dinheiro.

Consta no documento que há a ainda a possibilidade de o grupo ter cometido crimes contra a ordem tributária, como sonegação fiscal por omissão de receitas, fraude na escrituração contábil e fiscal e o uso de “laranjas” para ocultar a identidade dos beneficiários das operações.

Diante disso, o delegado Walter de Melo Fonseca Junior determinou a abertura de um auto de investigação preliminar para investigar as pessoas e empresas envolvidas no suposto esquema.

Já na Justiça, uma das empresas que moveu uma ação contra o Grupo Safras foi a Bertuol Indústrias de Fertilizantes, que cobra o pagamento de mais de R$46,8 milhões referente a negociação de cerca de 21,7 milhões de quilos de soja em grãos. De acordo com a Bertuol, o produto foi vendido ao Grupo Safras, que deveria ter quitado o valor entre junho e julho de 2024, mas não quitou.

Nesta ação, a Bertuol também acusou o Grupo Safras de confusão patrimonial, dilapidação de bens e ocultação de patrimônio, apresentando provas como a utilização de bens pessoais dos sócios para garantir operações financeiras da empresa. Além disso, apontou que ex-esposas dos sócios participaram ativamente de contratos e garantias, configurando a possível ocultação de patrimônio.

Nos autos do processo, a Bertuol ainda relatou que imóveis foram vendidos durante processos judiciais em andamento, o que caracterizaria fraude contra credores.

A juíza Paula Saide Biagi Messen Mussi Casagrande, da 1ª Vara Cível de Sorriso, deferiu parcialmente os pedidos da Bertuol, reconhecendo indícios robustos de confusão patrimonial e autorizando a desconsideração da personalidade jurídica do Grupo Safras. A magistrada determinou a inclusão dos sócios Dilceu Rossato, Pedro Moraes Filho, Catia Regina Randon Rossato, Stella Mari Bonatto e da holding familiar Rossato Participações como responsáveis pela dívida. Ela também autorizou o confisco de bens e ativos financeiros até o limite necessário para garantir a quitação do valor cobrado.

Por outro lado, o Grupo Safras alegou no pedido de recuperação judicial que enfrenta uma crise financeira devido a diversos fatores, incluindo queda no preço da soja, o aumento dos custos de produção, a dificuldade de acesso a crédito e a instabilidade climática.

Em uma relação de credores, o grupo apresentou dívidas que somam o montante de R$ 2.201.115.361,40 (dois bilhões, duzentos e um milhões, cento e quinze mil, trezentos e sessenta e um reais e quarenta centavos).

O Grupo Safras também se manifestou por meio de nota, dizendo que repudia as alegações de suspeita de envolvimento em práticas fraudulentas e afirmando que as denuncias são infundadas e completamente desconectadas da realidade.

A empresa informou ainda que os credores apoiam o pedido de recuperação judicial, pois o instrumento exige transparência, comprometimento e colaboração dos devedores.



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