GloboRural
As chuvas intensas e repentinas que atingiram a Espanha após a passagem de um fenômeno metereológico chamado Depressão Isolada em Altos Níveis (Dana) já fazem deste o pior desastre do século XXI no país. Até o momento, as autoridades confirmaram 155 mortes. Valência, a terceira maior cidade espanhola, está entre as que mais sofreram perdas.
Nas áreas rurais de Andaluzia, na costa sul da Espanha, onde há produção de uvas, azeitonas, pimentão, tomate, abobrinha, berinjela e ouras culturas, as perdas chegam a € 30 milhões (ou o equivalente a R$ 188 milhões, na cotação atual), segundo estimativa inicial do Sindicato dos Pequenos Agricultores e Pecuaristas (UPA, na sigla em espanhol).
A entidade acredita que as plantações de cítricos serão as mais afetadas pelas tempestades porque a colheita dessas culturas está próxima. A água alcançou a marca de dois metros de altura, cobrindo completamente os pomares, que também sofreram com a queda de pedras de granizo - que, em alguns casos, tinham até 8 centímetros de diâmetro.
"Há muitas fazendas inundadas que sofrerão com a asfixia de raízes, o que poderá levar as árvores à morte [...] Os danos estendem-se às superfícies de cultivo, estufas, equipamentos técnicos, estruturas de irrigação, muros, cercas e máquinas agrícolas", afirmou o UPA, em nota.
Segundo dados iniciais da Coordenadoria de Organizações de Agricultores e Ganadeiros (COAG), as chuvas inundaram 35 mil hectares de videiras e 5 mil hectares de amendoeiras na região de Requena-Utiel, no leste do país. Na produção de caqui e tangerina, em Valência, os prejuízos são de 100%.
Em Málaga, a segunda maior cidade da Andaluzia, os produtores registraram em cerca de 3,5 mil hectares de oliveiras, videiras e frutas cítricas, como limão, laranja e tangerina. Em uma área próxima, na Serra de Alcaraz, a área prejudicada pela queda de granizo chega a 4 mil hectares, com perdas de quase 100% em plantações de oliveiras, videiras e amendoeiras.
Em nota, a Associação Agrária de Jovens Agricultores (Asaja Málaga) pede apoio do governo para que o setor agrícola consiga se recompor sem maiores prejuízos. Entre as solicitações, o grupo cita isenções fiscais nas áreas afetadas pela tempestade e gestão preventiva mais eficaz para mitigar o impacto das chuvas no futuro. A associação alerta ainda para o provável aumento dos preços de vegetais e também do azeite por causa das fortes chuvas.