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MARLI VIEIRA Quinta-feira, 01 de Março de 2018, 20:13 - A | A

01 de Março de 2018, 20h:13 - A | A

MARLI VIEIRA / MARLI VIEIRA

COLUNA: Respondendo então... O que é Bullying

Marli Vieira
Nova Mutum



“O bullying é uma violência que cresce com a cumplicidade de alguns, com a tolerância de outros e com a omissão de muitos” (Gabriel Chalita, 2008).

Na Noruega e na Dinamarca adota-se o termo mobbing, na Suécia e na Finlândia mobbning, na França barcèlement quotidién, na Italia prepotenza ou bullismo, no Japão yjime, na Alemanha agressionen unter sbülern, na Espanha como acoso y ameanza entre escolares ou intimidación, nos EUA barassment, e em Portugal como maus-tratos entre pares (Cleo FANTE, 2005/ pioneiro nos estudos sistematizados do fenômeno bullying,), e os primeiros critérios para detectar o problema de forma específica foi desenvolvido por Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Bergen, na Noruega. Os estudos abrangeram 84 mil estudantes, trezentos a quatrocentos professores e em torno de mil pais, mas os estudos não foram levados a sério até 1953, quando 3 meninos entre  10 e 14 anos se suicidaram.

No Braisl adotou-se bullying  que significa enquanto nome “valentão”, ou “tirano”, e  como verbo “brutalizar”. “tiranizar” e “amedrontar”, e os estudos iniciaram-se em 1990 e as pesquisas em 1997 no RS, e 2000 no RJ. Em 2007 os Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escola (CEMEOBES) constatou em oito cidades que 45% de crianças e jovens estudantes brasileiros praticam bullying, o que levou o Brasil a ser considerado o país com maior índice em bullying.

Reprodução

MARLI COLUNA

 

Sotaque regional – manifestação de humilhação, consternação e constrangimento vindo do agressor, desrespeito à condição humana, atos de agressão planejados, intimidação velada ou sorrateira ou explícita resvalando às vezes para a violência física, atos de intolerância ao outro, ao diferente, fofocas, difusão de boatos, exposição ao ridículo, transformação em bode expiatório e acusações infundadas, isolamento, sexualização, ofensas raciais, étnicas ou de gênero, praticados contra vítimas mais vulneráveis e incapazes de se defenderem emocional ou fisicamente, ou ainda, por medo de uma agressão maior por parte dos agressores ou bullies.

Existe bullying quando a agressão é psicológica, moral ou física, com intenção de ferir, intimidar, ofender, discriminar, perseguir ou amedrontar, com frequência nas ações, deixando marcas, sequelas ou consequências para o vitimado.

Mídia

Pode estar em qualquer lugar onde exista relações interpessoais, porém é na escola que se desenvolve com perversidade no cotidiano de alunos e professores, a sala de aula  é lugar propício a diversos tipos de conflitos e tensões, interações agressivas como forma de diversão ou auto afirmação “uma ação de transgressão individual ou de grupo, que é exercida de maneira continuada, por parte de um indivíduo ou de um grupo de jovens definidos como intimidadores nos confrontos com uma vitima predestinada” (Constantini, 2004).

O bullying direto é o relacionado a agressão física e verbal, já o indireto se refere a discriminação e exclusão da vítima do grupo, este nasce da recusa a uma diferença, da intolerância, do desrespeito ao outro. Desde muito cedo as crianças são confinadas a subgrupos ou panelinhas na escola, segundo aparência, interesses ou comportamento: os populares, os atletas, os cabeças, os esquisitos,  os CDFs, os retardados, os rejeitados, as bichinhas, os ningéns. O bullying não privilegia o gênero, com os meninos surge o uso da força física, com as meninas , na maioria das vezes, é psicológico através da humilhação e exclusão, o que pode ser mais cruel e perverso..

O bullying surge e ganha espaço por diversos fatores, dentre eles o desejo de popularidade, violência doméstica, falta de limites, falta de exemplos positivos, omissão e despreparo de profissionais e instituições escolares, impunidade, falta de políticas públicas voltadas a educação e a saúde para a prevenção e o tratamento .

O ECA no artigo 232 prevê pena para quem ‘submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento’.  

Algumas experiências podem deixar estgmas para o resto da vida para a vítima

Alguns agressores podem chegar a marginalização.

Expectadores que não puderam ajudar podem tornar-se inseguros e ter baixa autoestima.

Todos os envolvidos podem comprometer sua vida profissional, pessoal ou familiar no futuro.

No Brasil muitas escolas tem dado prioridade às discussões do tema violência escolar, mas faltam notícias sobre o desenvolvimento de programas educacionais que incluam ao prevenção e o combate ao bullyin. O Programa pioneiro no Brasil é o “Programa Educar para a Paz”, desenvolvido e implantado em uma escola da rede pública de ensino de São José do Rio Peto pela pesquisadora Cleo Fante, a proposta está alicerçada em tolerância, solidariedade, respeito às diferenças, cooperação, visando a construção de um ambiente de paz na escola.

No Rio de janeiro a ABRAPIA entre 2002 e 2003 em parceria com a Petrobrás Social desenvolveu em conjunto com 11 escolas o programa de redução de comportamento agressivo entre estudantes. A ABRAPIA coloca três premissas como condição para resultados positivos na implantação de um programa para prevenir e reduzir o bullying;

Não existem soluções simples para a resolução bullying , o fenômeno é complexo e variável;

Cada escola desenvolveria suas próprias estratégias e estabeleceria suas prioridades no combate ao bullying;4 ü  A única forma de obtenção de sucesso na redução de bullying é a cooperação de todos os envolvidos: alunos, professores, gestores e pais. 

Albert Einstein dizia que o mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer” (CALHAU, 2008)

ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção á Infância e á Adolescência. Disponível em: <http://www.bullying.com.br/BConceituacao21.htm#OqueE>

CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevençaõ e repressão. Niterói- RJ, Impetus, 2008.  

CHALITA, Gabriel. Pedagogia da amizade: bullying – o sofrimento da vítimas e dos agressores. 3ª ed. São Paulo. Gente, 2008.  

COSTANTINI, Alessandro. Bullying: como combatê-lo? Tradução de Eugênio Vinci de Moraes. São Paulo: Itália Nova, 2004.  

ESTATUTO da Criança e do Adolescente. São Paulo. Ed. Fisco e Contribuinte LTDA, 1990  

FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Verus, 2005.  

MELO, Josvaldo Araujo de. Bullying na escola: como identificálo, como previni-lo, como combatê-lo. 3ª Ed. Recife: EDUPE, 2010.



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