Roberto Peixoto/G1
O Museu de Natureza e Arqueologia de Tenerife (MUNA), na Espanha, recebeu o raro exemplar do peixe abissal conhecido como "diabo negro do mar" (Melanocetus johnsonii), avistado por biólogos no final janeiro na costa das Ilhas Canárias.
A espécime morreu pouco tempo depois de ser retirada da água e, nas redes sociais, usuários ficaram surpresos com o seu tamanho real, algo em torno de seis centímetros ou aproximadamente o comprimento de um dedo médio.
Segundo a ONG Condrik Tenerife, especializada na conservação de tubarões e raias, o peixe abissal, conhecido por habitar as profundezas do oceano, foi visto a apenas dois quilômetros da costa de Tenerife, um evento extremamente raro, já que sua espécie normalmente vive a profundidades que variam entre 200 e 2 mil metros.
Foto: Museo de Naturaleza y Arqueología, en Tenerife (MUNA)

"Se ele tivesse dez metros de comprimento, seria realmente assustador; felizmente, no entanto, ele tinha apenas cerca de 6 centímetros", declarou ao jornal espanhol "ElDiario.es" o biólogo Marc Martín Solá, que foi responsável pela captura e doação do peixe ao MUNA.
As fêmeas do Melanocetus johnsonii, como a encontrada em Tenerife, possuem uma cabeça grande, boca ampla e dentes longos e pontiagudos, podendo atingir até 18 centímetros de comprimento.
Já os machos são mais esguios, não possuem o "chicote luminoso" (chamado de illicium), e geralmente atingem apenas três centímetros.
"Esses peixes costumam descer, mas este, por outro lado, tentava subir", acrescentou Marc. "Nós o submergíamos a um metro e, automaticamente, ele se direcionava para a superfície, como se tivesse algum distúrbio sensorial ou estivesse fugindo de algo."
Por causa desse comportamento estranho do peixe, o biólogo acredita que ele tenha sido um verdadeiro "refugiado" das profundezas.
Foto: Museo de Naturaleza y Arqueología, en Tenerife (MUNA)

É comum ver animais de profundidade subindo rapidamente para fugir. Quando percebem que não conseguem mais voltar, acabam ficando na superfície. Então, mais do que visitante de outro mundo, eu diria que ele era um refugiado.