G1/MT
Trocas de mensagens entre menores de idade e adultos alvos da Operação ‘Jogo da Ilusão’ , deflagrada nesta quinta-feira (21) pela Polícia Civil de Mato Grosso, mostram que as vítimas eram chantageadas para enviar fotos e vídeos íntimos aos abusadores. As interações com as vítimas eram feitas em uma plataforma de jogos e depois seguiam para uma rede social, em que os suspeitos pediam vídeos e fotos com cenas de nudez para crianças e adolescentes em troca de supostas imagens de pornografia ou créditos em jogos.
Nas conversas, os suspeitos diziam morar em outros estado. Em uma das trocas de mensagens, o suspeito faz instruções de como a vítima deveria gravar um vídeo pequeno com conteúdo de nudez (veja acima). A investigação começou após a polícia receber a denúncia de uma das vítimas de Cuiabá, de 13 anos, que afirmou que não aguentava mais ser ameaçada e pressionada pelos abusadores. A polícia acredita que há vítimas em pelo menos seis estados.
“Ela falava que era uma adolescente um ano mais velha e que era de Brasília. Começava a dar em cima e pedia fotos do meu rosto, depois de cueca e depois sem roupa e me ameaçava a mandar as fotos para as pessoas. Aí fiquei com medo e contei para o meu pai e fomos na delegacia”, disse em entrevista à TV Centro América, autorizada pelo responsável.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Juliana Palhares, a maioria das conversas iniciavam por meio do jogo Roblox, popular entre adolescentes. Depois de conseguir informações de contato, continuavam o contato com perfis falsos nas redes sociais e exigiam imagens íntimas. Após o envio da primeira imagem, as vítimas eram ameaçadas para que continuassem enviando fotos.
Foto: Divulgação
Uma das vítimas chegou a enviar vídeos e participar de chamadas online com os alvos. A delegada disse que o menor foi orientado pelo criminoso a mostrar o órgão genital.
Os alvos da operação da polícia, que foram identificados durante as investigações, são um menor de idade, de 14 anos, e um adulto, de 20 anos. Ainda de acordo com a delegada, o menor confessou ter emprestado o nome para o outro suspeito por R$ 200 e o maior de idade não foi localizado até a publicação desta reportagem.
A operação
Ao todo, os policiais apreenderam 102 chips, cinco celulares e um computador que eram usados pelos investigados para contatos com as vítimas. As investigações tiveram início em abril, depois de uma denúncia de interação suspeita em uma rede social, tendo dois adolescentes como vítimas, em Cuiabá.
“Na casa do indivíduo maior de idade, encontramos muitos chips e anotações de todos os terminais que ele utilizava para depois que ele conseguisse algumas imagens dessas vítimas, fazer contato através de redes sociais para exigir mais fotos sob chantagem de expôr aos pais”, explica a delegada.
A ação foi realizada pela equipe da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) e contou com o apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) e da Polícia Civil do Estado de Goiás.
Outra investigação
No final de outubro, o diretor de uma escola da capital e um jovem de 19 anos foram presos em flagrante pela Polícia Civil, durante a Operação Lobo Mau. Eles são investigados por fazer parte de um grupo envolvido na produção, armazenamento e compartilhamento de imagens de abuso e exploração sexual infantil. Ele foi afastado do cargo.
A operação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo e, ao todo, 94 mandados de busca e dois de prisão cumpridos em 20 estados, além do Distrito Federal.
Os suspeitos induziam as vítimas a produzir conteúdo de nudez, e até mesmo de sexo e depois consumiam e distribuíam o conteúdo em grupos fechados e de jogos.
Jogos online e abuso sexual
Na segunda-feira (18), a plataforma de jogos Roblox informou por meio de nota que está implementando novas medidas de segurança para usuários menores de 13 anos. Uma das medidas é encerrar de vez com a opção de enviar mensagens para outras pessoas fora dos jogos da plataforma.
De acordo com a empresa, os menores ainda poderão enviar mensagens a outras pessoas dentro do jogo com o consentimento dos pais.