Alexandra Lopes/Folhamax
Sorriso/MT
Após familiares de dois bebês mortos após o parto no Hospital Regional de Sorriso/MT (420 km de Cuiabá/MT) acusarem a unidade hospitalar de negligência, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) informou, nesta sexta-feira (14), que solicitou o afastamento da equipe médica envolvida diretamente nos casos. Além disso, instaurou uma investigação sobre as mortes e pediu uma auditoria dos serviços da empresa responsável pela assistência obstétrica da unidade.
As mortes dos bebês vieram à tona nesta semana, embora a imprensa na região já estivesse repercutindo o caso. Outra mãe denunciou que um bebê teve o braço quebrado durante o parto e só foi confirmado em um hospital no municíipio de Ipiranga do Norte/MT. "A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), por meio do Hospital Regional de Sorriso/MT, informa que, diante das recentes denúncias, foi implementada uma equipe de investigação de óbitos e uma auditoria sob os serviços da empresa responsável pela assistência obstétrica da unidade. Além disso, a SES notificou a empresa para que sejam substituídos os profissionais envolvidos, até que haja a elucidação dos fatos", diz trecho da nota divulgada pela SES.
Em boletim de ocorrência registrado junto à Polícia Civil na última terça-feira (11), a tia de uma mãe que perdeu o bebê relatou que a sobrinha deu entrada no hospital na última sexta-feira (7). O parto dela foi induzido às 17h. No entanto, por volta das 3h da madrugada do dia 8 deste mês, um sábado, a bolsa rompeu. A equipe médica realizou um exame de toque e informou que a paciente deveria tomar buscopan e permanecer em jejum para a realização da cesárea. Preocupada com a situação, a tia solicitou a uma médica que realizasse o parto imediatamente, mas a profissional afirmou que o procedimento só seria feito às 7h da manhã.
Por volta das 5h, a mulher voltou a solicitar a realização da cesárea, pois a paciente já apresentava pressão arterial elevada. Segundo o relato, a médica respondeu em tom de deboche e ignorou o pedido. Às 7h, foi feito um novo exame de toque, constatando 5 centímetros de dilatação, momento em que a equipe médica sugeriu aguardar a dilatação total para o parto induzido. A tia recusou essa sugestão e insistiu na cesárea, argumentando que a paciente não tinha condições de realizar um parto induzido. Às 7h30, a cesárea foi realizada por outra médica.
A tia acompanhou a recém-nascida após o parto e relatou que a bebê permaneceu no berçário coberta de fezes das costas até as pernas. Mesmo assim, foi entregue à família sob a alegação de que estava em boas condições de saúde. No entanto, durante a tarde, a bebê apresentou vômito de líquido marrom e foi levada para observação. Exames apontaram baixa contagem de leucócitos, além de dificuldades respiratórias.
A tia disse que tentaram reanimá-la, mas devido à falta de uma UTI no hospital, providenciavam a transferência para Cuiabá. No entanto, a criança não resistiu e morreu no domingo (9). Os familiares desconhecem a real causa do óbito e solicitam uma investigação para apurar os acontecimentos.
Outro caso
Em 12 de janeiro deste ano, outro bebê morreu devido ao atraso na cirurgia. Conforme relato da mãe, ela teve um descolamento de placenta e ficou três meses de repouso absoluto, tomando remédios para poder segurar o bebê. Com 28 semanas, foi diagnosticada com diabetes gestacional. A gestação deveria seguir no máximo até 39 semanas e não poderia ter o parto induzido. O bebê nasceu com 40 semanas.
Ao chegar ao hospital, o parto foi feito às pressas porque ela não teve dilatação. "Fui na segunda sentindo contrações, fizeram um exame [cardiotoco] e me mandaram de volta pra casa. Fui na quarta e me mandaram de volta pra casa sentindo dor. Fui na quinta, estava tudo certo e me mandaram pra casa. Fui no sábado. Todos os dias de madrugada, sentindo muitas contrações. Faziam o toque e me mandavam de volta pra casa. No domingo de madrugada, ela fez o toque e eu gritei. Ela falou: 'mas por que você tá gritando?' Eu respondi que estava sentindo dor. Ela disse que era normal, que eu ia sentir dor para ter meu neném", relatou durante entrevista ao Sorriso Acontece.
O bebê nasceu e, num primeiro momento, a mãe percebeu que ele era muito ativo, mas depois não se mexeu mais. "Chegando no hospital, não tinha batimento", lamentou.
A mãe criticou a conduta da equipe médica e o fato de que casos de mortes de bebês estão se repetindo. "Se a pessoa não quer mais fazer o que está fazendo, o que está sendo paga para fazer com amor e carinho, que saia, para não acontecer isso. É muito triste a gente planejar um enxoval, esperar a criança com tanto amor e, ao final da gestação, voltar pra casa de mãos vazias e tristes. Espero que quando Deus me mandar outro bebê eu não tenha que passar por aquele hospital."
A família também registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e abriu um processo na Justiça. "Eu espero que ela [a médica] seja punida, que pague de alguma forma, que a tire de lá. Não são todas as mães que têm condições de pagar um parto. A gente sabe que não é barato. O parto é caro. Vamos supor que isso seja de propósito, porque poderia ter sido evitado."
Braço quebrado
Uma outra mãe denunciou que o filho teve o braço quebrado durante o parto no Hospital Regional de Sorriso. A equipe da unidade não constatou a fratura na hora. A mãe teve que ir a um hospital em Ipiranga do Norte para confirmar que o bebê estava com o braço quebrado. Todos os casos estão sob investigação pela Polícia Civil.
NOTA SES
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), por meio do Hospital Regional de Sorriso, informa que, diante das recentes denúncias, foi implementada uma equipe de investigação de óbitos e uma auditoria sob os serviços da empresa responsável pela assistência obstétrica da unidade. Além disso, a SES notificou a empresa para que sejam substituídos os profissionais envolvidos, até que haja a elucidação dos fatos.
É importante destacar que o Hospital Regional de Sorriso atua como referência no atendimento de gestantes de alto risco de 35 municípios de Mato Grosso e realiza cerca de 180 partos por mês. A unidade conta com uma equipe especializada, composta por médicos obstetras, ginecologistas e pediatras, além de psicólogos.
Angela Maria Tomazzoni 15/03/2025
Malditos, desgraçados, cadeia neles! Porém o nome desta equipe. Para que sejam punidos e não repitam os crimes!
1 comentários