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AGRONEGÓCIOS Segunda-feira, 17 de Março de 2025, 01:30 - A | A

17 de Março de 2025, 01h:30 - A | A

AGRONEGÓCIOS / CHANTAGEM NO PORTO

Empresa de MT comprova que não há areia em soja; Polícia Civil investiga extorsão no Paraná

Bandido teria exigido R$ 2 mil de cada carga de empresas do agro

COMPRE RURAL



Um dos maiores complexos portuários do país foi alvo de grande repercussão após a recusa de um grande volume de farelo de soja que, segundo nota, seria descarregado no local com destinado a exportação. O Compre Rural recebeu informações sobre a recusa de cargas de farelo de soja no Porto de Paranaguá, sob a alegação de alta presença de areia no produto.

Após a divulgação da matéria, o portal passou a receber relatos de diversas fontes sobre o tema. Entre elas, a empresa Queiroz Agro, que tem sede em Mato Grosso, decidiu esclarecer os fatos e apresentar sua versão sobre o ocorrido, reforçando seu compromisso com a transparência e a qualidade de seus produtos.

De acordo com a empresa, em 16 de janeiro de 2025, algumas de suas cargas foram recusadas no Porto sob a alegação de suspeita de presença de areia. No entanto, o que chamou atenção foi o método utilizado para essa recusa. Conforme informado pela Queiroz Agro, as cargas foram rejeitadas de forma visual, sem a realização de qualquer análise laboratorial.

A empresa solicitou imediatamente uma nova coleta de amostras, acompanhada pelas autoridades portuárias, para realização de contraprova laboratorial. Também foi pedido que uma nova inspeção fosse realizada pela classificadora credenciada ao Porto.

Entretanto, a solicitação foi negada sob a justificativa de uma nova normativa do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), que, segundo os próprios informantes, ainda não estava aprovada e nem assinada. Com a recusa do Porto, a empresa optou por manter suas cargas fora da área portuária e contratou uma certificadora independente para realizar análises laboratoriais.

Os testes indicaram que os caminhões analisados continham índices de sílica/areia de 0,26%, 0,29% e 0,16%, valores muito inferiores ao limite permitido pela normativa ANEC 71, que regulamenta a qualidade do farelo para exportação. 

Além disso, a Queiroz Agro destacou que os caminhões analisados pertenciam ao mesmo lote das cargas rejeitadas dentro do Porto, reforçando que não havia indícios de adulteração no produto. 

TENTATIVA DE EXTORSÃO

O Compre Rural recebeu informações de uma fonte do Porto, que, nesse momento, prefere não se identificar por medo de possível retaliação, mas que afirmou já ter repassado os detalhes para as autoridades competentes. Segundo essa fonte, houve uma tentativa de extorsão no dia 18 de janeiro de 2025, logo após a recusa de algumas cargas.

Representantes de algumas das empresas começaram a receber mensagens e ligações de um indivíduo que se identificou como “funcionário do porto”, afirmando que poderia “ajudar a liberar as cargas”, mediante o pagamento de valores próximos a R$ 2.000,00 por carga. A mesma pessoa enviou prints de planilhas internas de agendamento do Porto, contendo informações sobre as cargas programadas para os dias seguintes.

Diante disso, a fonte informou que encaminhou todas as conversas para as autoridades competentes. No entanto, mesmo com essa denúncia, a suspeita de adulteração permaneceu, e a autorização para análise laboratorial foi negada. 

Com a impossibilidade de reverter a decisão, as 12 cargas de farelo de soja da Queiroz Agro, que somavam cerca de 440 toneladas, foram retornadas para Mato Grosso e destinadas à compostagem, seguindo a supervisão do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para o descarte adequado. Apesar da devolução da carga, um vídeo anônimo e clandestino começou a circular nas redes sociais, mostrando farelo de soja com areia sendo despejado em um aterro de Paranaguá, associando erroneamente a Queiroz Agro ao descarte. A empresa nega qualquer relação com esse material e afirma que a filmagem trata-se de uma tentativa de manchar sua reputação.

A Queiroz Agro reforça que não compactua com esquemas ilícitos e acredita que pessoas mal-intencionadas podem estar atuando dentro do Porto de Paranaguá, manipulando acessos a cargas e informações sigilosas para coagir empresas a entrarem em um possível esquema de pagamentos ilegais. “Acreditamos que esse episódio revela um problema maior dentro do Porto, onde decisões arbitrárias podem prejudicar empresas sérias que atuam de forma transparente no agronegócio brasileiro”, destacou a empresa em seu comunicado.

O caso reacendeu o debate sobre controle de qualidade e fiscalização dos produtos agrícolas destinados à exportação. O Porto de Paranaguá é um dos principais pontos de escoamento da produção brasileira de soja e derivados, e incidentes como este podem afetar a credibilidade do produto nacional no mercado internacional. A situação trouxe críticas à empresa credenciada pela Associação dos Terminais do Corredor de Exportação (ATEXP) para a inspeção. Transportadoras e exportadores questionam a falta de transparência no processo de análise das cargas.

A Queiroz Agro reafirma seu compromisso com ética, respeito e qualidade, garantindo que seu farelo de soja atende aos padrões estabelecidos pela ANEC 71 e possui a certificação GMP+, que habilita a empresa a comercializar seus produtos para clientes que exigem altos controles de qualidade. “Nosso foco, neste momento, é esclarecer os fatos e minimizar o prejuízo moral, pois o financeiro deixamos em segundo plano”, declarou a empresa.



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