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A Suzano, produtora mundial de celulose, adotou joaninhas como solução natural para o controle biológico de pragas em suas florestas de eucalipto. Pela primeira vez no Brasil, a espécie está sendo utilizada na silvicultura em larga escala nos estados de São Paulo, Maranhão e Mato Grosso do Sul, cobrindo uma área de 57 mil hectares no ano passado.
Segundo dados da empresa, a iniciativa também contribui para a diminuição do uso de defensivos agrícolas. “Apenas em 2024, cerca de 17,1 mil quilos deixaram de ser utilizados, gerando uma economia superior a R$ 3 milhões para a companhia”, cita nota da companhia.
O projeto foi desenvolvido em parceria com a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da UNESP, a Embrapa Florestas e a Universidade Federal de Viçosa (UFV). Antes de liberar as joaninhas no ambiente, a equipe analisou como a espécie selecionada (Olla v-nigrum) reagiria a diferentes temperaturas, dietas e às principais pragas do eucalipto – entre elas, o Glycaspis brimblecombei, ou psilídeo-de-concha, uma das pragas mais nocivas ao cultivo de eucalipto.
“As joaninhas ficavam em um laboratório da companhia que simulava o ambiente de floresta, localizado na Unidade Florestal de Três Lagoas (MS). Foram dois anos de trabalho, com uma equipe de quatro pesquisadores entomologistas da companhia dedicados a cuidar e estudar o comportamento da espécie”, diz Maurício Magalhães Domingues, pesquisador principal do tema.
As pesquisas para viabilizar a produção da Olla v-nigrum começaram em 2022, com a identificação de populações nativas durante surtos da praga do eucalipto em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins. Em 2023, os estudos avançaram com o objetivo de estabelecer uma criação experimental de joaninhas, resultando no desenvolvimento da técnica de multiplicação e liberação em larga escala.
No ano seguinte, 210 mil insetos foram liberados. No ambiente, o equilíbrio natural impede que os inimigos naturais se tornem superpopulosos, uma vez que sua sobrevivência depende da disponibilidade da praga-alvo como fonte de alimento, além de estarem sujeitos a seus próprios biocontroladores na cadeia alimentar.
Embora o uso dessa estratégia com joaninhas seja inédito no Brasil, países como os Estados Unidos já aplicam com sucesso o controle biológico em plantios de eucalipto comerciais, reforçando sua eficácia como alternativa sustentável no manejo florestal.