Bárbara Sá/GD
O juiz eleitoral Romeu da Cunha tornou réus o prefeito de Brasnorte (a 576 km de Cuiabá), Edelo Ferrari (União), a vice-prefeita Roseli Gonçalves (PSB) e o vereador Gilmar Celso Gonçalves (União), conhecido como Gilmar da Obra, acusados de suposta compra de votos nas eleições municipais de 2024. Na decisão, o magistrado determinou a citação dos réus para apresentação de defesa, juntada de documentos e indicação de testemunhas no prazo de cinco dias.
No dia da eleição, militares do Exército impediram uma tentativa de transporte de eleitores, gerando tumulto em uma aldeia indígena. Povos originários chegaram a embarcar nos ônibus e só saíram após a intervenção de m cacique.
As provas colhidas pelo Ministério Público apontam que o transporte foi contratado por servidores da prefeitura por R$ 17 mil. Segundo a denúncia, embora o território dos Enawene Nawe esteja mais próximo de outras cidades como Juína, Comodoro e Sapezal, o atendimento de saúde aos indígenas é realizado em Brasnorte. Essa justificativa teria sido usada para argumentar a transferência em massa do domicílio eleitoral.
Os indígenas relataram às autoridades que lhes foram oferecidas e entregues vantagens como transporte no dia da eleição, dinheiro e combustível por três meses. A denúncia também aponta a tentativa frustrada de transporte irregular de eleitores indígenas em ônibus contratados por pessoas ligadas ao prefeito, com o objetivo de garantir votos para Edelo e Gilmar da Obra.
Além disso, foi constatado o transporte de eleitores por caminhonetes pertencentes aos próprios indígenas, sendo o combustível pago com recursos supostamente enviados por terceiros ligados ao grupo político.
OUTRO LADO
Por meio de nota, Edelo Ferrari afirmou que seus advogados estão analisando o caso para que a verdade seja restabelecida. “Aproveito para reafirmar nosso compromisso absoluto com a integridade do processo eleitoral, com o respeito às instituições, e enfatizo que sou o primeiro a desejar uma apuração minuciosa de qualquer denúncia, com total transparência. Estou tranquilo porque sei que não cometi nenhum crime eleitoral, tampouco participei de qualquer ato irregular.”
A reportagem não conseguiu contato com Gilmar da Obra. Ele não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens.