Bárbara Sá/GD
Diante do crescimento das facções criminosas em Mato Grosso, o governador Mauro Mendes (União) decidiu demitir o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Corrêa Mendes, um dia antes de lançar o programa “Tolerância Zero ao Crime”, nesta segunda-feira (25). O cargo será assumido pelo secretário-adjunto de Integração Operacional, coronel Cláudio Fernando Carneiro Tinoco. A troca foi anunciada pelo próprio coronel Mendes em uma carta compartilhada em grupos de mensagens, com citações bíblicas.
A decisão foi tomada após uma reunião tensa entre o governador e o comandante na sexta-feira (22). De acordo com fontes, Mauro Mendes demonstrou insatisfação com o avanço do crime organizado no Estado e cobrou do coronel ações mais efetivas, alegando que os resultados eram insuficientes.
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O encontro, que durou mais de três horas, também teria evidenciado o descontentamento de parte da tropa, que criticava a falta de medidas estratégicas e a postura do comandante nas redes sociais.
O governador, que planeja disputar uma vaga ao Senado em 2026 com o combate ao crime organizado como uma de suas principais bandeiras, avalia que os números da segurança pública não são satisfatórios.
Em nota, ao anunciar o lançamento do programa “Tolerância Zero ao Crime”, Mendes prometeu apresentar uma série de ações para reestruturar a segurança pública, incluindo operações integradas e novas estratégias contra o crime organizado.
O coronel Alexandre Mendes, que possui aspirações políticas, vinha usando redes sociais para divulgar ações comunitárias realizadas pela PM sob seu comando, o que, segundo colegas, gerou incômodo dentro da corporação.
Em carta de despedida, Mendes destacou que cumpriu seu papel no combate às facções criminosas, mas criticou duramente a legislação penal brasileira, que, segundo ele, favorece a impunidade.
“Nesta luta, imperioso afirmar que não houve negligência ou qualquer ponta de omissão. Covardia, jamais. Demos a testa a essa luta com os meios e a profundidade que a legislação permite. E aqui reside a questão: prendemos muito, mas temos uma legislação obscena em matéria de impunidade, sejamos francos”, escreveu o coronel.