Lazáro Thor/VGN
São Joaquim/MT
A munição do Estado de Mato Grosso foi utilizada para matar o advogado Renato Nery, assassinado em julho de 2024 em Cuiabá, por conta de uma disputa de terra no município de Novo São Joaquim, a 439 km de Cuiabá. De acordo com informações obtidas pela reportagem, a arma e as munições que mataram Nery foram adquiridas pelo Estado de Mato Grosso e empregadas no assassinato do advogado.
Arma na cena de "falso confronto"
Graças ao teste de balística, as investigações da DHPP revelaram que a arma coincidente com as munições foi "implantada" na cena de outro crime: um falso confronto, simulado pelos policiais da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) no dia 12 de julho em Cuiabá.
Naquela data, os policiais descobriram o roubo de um veículo VW Gol, placa QZO8F59, de cor branca, próximo ao Shopping Pantanal. Segundo a vítima, três indivíduos armados o abordaram e o renderam. Os policiais descobriram que os suspeitos passaram pela Avenida dos Trabalhadores (Dante Martins de Oliveira) e colidiram com uma moto. Depois, fugiram em direção ao bairro Planalto.
A polícia se deparou com os suspeitos na Avenida Contorno Leste, quando o trio tentou fugir, mas foram mortos pela equipe da Rotam. Na cena do falso confronto, a pistola usada para matar Nery teria sido implantada pelos policiais para justificar as mortes e simular uma troca de tiros.
A vítima do roubo do veículo informou ter visto apenas um dos suspeitos portando uma arma. Os adolescentes apreendidos (um deles foi baleado) revelaram que a arma vista pela vítima era apenas um simulacro e que no dito “confronto” não estava sequer com este objeto.
Os investigadores da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) encontraram sete estojos no chão após o assassinato do advogado, em frente ao seu escritório na Avenida Fernando Corrêa. Do outro lado da avenida, em um supermercado, os policiais encontraram o projétil.
Equipe da Rotam foi presa pela DHPP
Três dos cinco policiais presos pela DHPP na Operação Office Crime - Outra Face estavam na cena do falso confronto no Contorno Leste. O soldado Wekcerlly Benevides de Oliveira, o cabo Wailson Alessandro Medeiros Ramos e o 3º Sargento Leandro Cardoso foram presos sob suspeita de envolvimento no assassinato de Nery.
Além dos três, também foram presos Heron Teixeira Pena Vieira e Jorge Rodrigo Martins. Segundo a polícia, Heron teria sido contratado para o crime e subcontratou seu caseiro, Alex Roberto de Queiroz Silva, que também foi alvo da operação.
Os dois, Heron e Alex, são condenados judicialmente no âmbito da Operação Camada, por envolvimento com o tráfico de drogas.