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POLÍTICA Sábado, 19 de Abril de 2025, 07:35 - A | A

19 de Abril de 2025, 07h:35 - A | A

POLÍTICA / CRISE INTERNA

"Nos levou ao ridículo": vereadores detonam parlamentar que propôs após moção de repúdio

Rafael Machado/OlharDireto



A polêmica moção de repúdio aprovada pela Câmara de Cuiabá contra 13 deputados estaduais gerou reações de vereadores que agora criticam a própria decisão da Casa. A medida foi apresentada pelo líder do prefeito, Dilemário Alencar (União), em repúdio aos parlamentares que derrubaram o veto do governador Mauro Mendes (União) sobre a criação de mercadinhos em presídios.

A vereadora Katiuscia (PSB) se posicionou contra os benefícios aos detentos, mas também questionou a lógica de parlamentares atacarem colegas eleitos. Ela destacou que a decisão da Câmara pode criar precedente para que outros políticos possam criticá-los por futuras decisões.

A vereadora Katiuscia é contra o mercadinho, é contra a regalia. É preciso lembrar que muitas famílias, onde algumas pessoas foram vítimas dos que estão nos presídios hoje, não têm o conforto que os bandidos, que os presos, têm. Sou contra os mercadinhos, mas sou contra parlamentar repudiar parlamentar, independente da esfera, quando se tem uma eleição feita em plenário, porque nós estamos abrindo precedentes para que nós também sejamos repudiados pelas nossas decisões, pelos nossos votos”, lembrou.

O vereador Ilde Taques (PSB) classifica a moção como um vexame para a Câmara. Ele disse que o líder do prefeito levou o parlamento ao “ridículo”.

Isso aí, na verdade, o nosso líder nos levou ao ridículo do ridículo. Vinte anos de Assembleia Legislativa que eu trabalho lá, nunca vi um deputado falar mal desta Casa. E ó que essa Casa já é conhecida como Casa dos Horrores, e nenhum deputado estadual jamais falou mal dessa Câmara de Vereadores”, comentou.

Ilde também alertou para os efeitos políticos negativos da medida ao lembrar que os deputados tem emendas milionárias e podem se vingar sem aplicar recursos na capital.

Nós temos que lembrar que cada deputado estadual ganha R$ 30 milhões de emenda por ano, e esses mesmos deputados que receberam essa nota de repúdio podem ser os deputados que podem ajudar a Cuiabá a avançar. Então você foi na contramão, líder Dilemário”, falou.

A vereadora Maria Avallone (PSDB) declarou que sua imagem foi usada de forma equivocada na votação.

Me senti colocada num momento que não me representa. Eu sou contra o mercadinho, com certeza, mas não sou contra nenhuma opinião dos deputados. Cada um tem a sua, e nós estamos aqui, devemos respeitar. Nós temos que nos unir para fazer bem à nossa cidade. A nossa cidade está precisando de atitude e de ações para que a gente possa fazer, e não ficar criticando os nossos parlamentares que estão junto com a gente. Eu não gostei, acho muito feio e não votei”, reclamou.

Já o Tenente Coronel Dias (Cidadania) revelou desconforto com o processo e admitiu que muitos vereadores votaram pressionados e por receio do que seu eleitorado poderia pensar quase se posicionassem contra.

Foi por isso que eu pedi o entendimento, foi por isso que eu pedi paciência e compreensão sobre a matéria. Os deputados têm o direito de votar e retiro a minha fala em relação a isso. Infelizmente, naquela circunstância nós somos obrigados a votar o que nem sabemos, com receio do nosso eleitorado reprovar a nossa abstenção, a gente acaba votando”, disse.

A crise gerou reações também na Assembleia Legislativa. O presidente da Casa, Max Russi (PSB), afirmou que a moção teve motivações eleitorais e serviu de palanque para possíveis candidatos a deputado estadual em 2026. Ele reforçou que a proposta aprovada na AL não libera regalias, mas sim produtos básicos de higiene para os presos, e que o Legislativo estadual fará fiscalização rigorosa.



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