Luis Roberto Toledo/Canal Rural
BRASIL
O Grupo Carrefour da França divulgou nesta terça-feira (26) um comunicado oficial em resposta às críticas geradas por declarações de Alexandre Bompard, CEO da empresa na França, sobre o compromisso de não comercializar carne do Mercosul no mercado francês. A nota busca apaziguar as tensões e destaca o compromisso da rede varejista com os agricultores tanto na França quanto no Brasil.
No comunicado, o grupo afirma que a decisão de priorizar carnes francesas visa assegurar apoio aos produtores locais, enfrentando dificuldades econômicas, mas que isso não representa uma oposição à agricultura brasileira. “Carrefour é o maior parceiro da agricultura francesa. […] Essa decisão legitima o apoio aos agricultores franceses, mergulhados em uma grave crise, garantindo a continuidade das nossas compras locais”, diz a nota.
O Carrefour reforça que mantém seu compromisso de longo prazo com os produtores brasileiros, destacando que a maior parte da carne vendida no Brasil é de origem local. “Há 50 anos, nossa relação com o setor agrícola brasileiro é inspirada por valores de parceria e profissionalismo”, afirma o texto.
A polêmica
As declarações de Bompard, publicadas em redes sociais, sinalizaram uma ação de solidariedade aos agricultores franceses contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Segundo o CEO, a iniciativa buscava “inspirar” outras empresas do setor a adotar medidas semelhantes, criando um movimento em prol das carnes de origem francesa.
A resposta gerou repercussão no Brasil, com manifestações contrárias do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e de entidades do agronegócio. Alguns frigoríficos brasileiros anunciaram a interrupção do fornecimento de carne para as lojas do Carrefour no Brasil, em represália ao que classificaram como uma atitude protecionista e desrespeitosa à carne brasileira.
Carrefour afirma que não questiona qualidade da carne do Brasil
Na tentativa de amenizar o impacto, o Carrefour afirma que o anúncio não questiona a qualidade ou os padrões sanitários da carne brasileira, que considera de alta qualidade e sabor. “Somos o maior parceiro e promotor histórico da agricultura brasileira. […] Continuaremos a valorizar as cadeias agrícolas brasileiras como temos feito há quase 50 anos”, diz o comunicado.
O impasse ocorre em um momento delicado, às vésperas da possível assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, previsto para dezembro, e acende debates sobre protecionismo e práticas de mercado.