GloboRural
Montevidéu/Uruguai
Morreu, aos 101 anos, a uruguaia Mirta Vanni de Barbot, considerada a primeira mulher piloto agrícola do mundo. Seu corpo foi sepultado no domingo (23/3), em Montevidéu.
Mirta iniciou a carreira na aviação voltada para a agricultura em 1946, voando no combate a gafanhotos em seu país, a serviço do Ministério da Agricultura e Pesca.
No Brasil, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e o Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag) manifestaram seu profundo pesar pelo falecimento da pioneira no sábado (22/3).
Mirta começou a voar em uma temporada em que grandes nuvens de insetos chegaram ao sul do continente, provocando, inclusive, no ano seguinte, o nascimento da aviação agrícola no Brasil. Mirta era chamada de “la última langostera”, numa referência aos pilotos caçadores de “langostas” (gafanhotos, em espanhol) dos anos 1940. Nos anos 1950, Mirta conheceu Ada Rogato, primeira piloto agrícola do Brasil, que morreu em 1986, aos 76 anos.
A paixão de Mirta pela aviação nasceu nas visitas frequentes ao campo de sua cidade, Carmelo, no interior do Uruguai, até os 13 anos. Aos 14, com a morte de seu pai, mudou-se com a família para Montevidéu, onde, aos 16 anos, conseguiu uma bolsa de piloto amador para enfermeiras. Em 1943, torneou-se a primeira piloto profissional de seu país. Concluiu o curso de mecânica aeronáutica.
Anos depois, assumiu o cargo de diretora dos Serviços Aeronáuticos do Ministério, quando todo o serviço aeroagrícola do Uruguai estava a cargo do governo e viajou para Estados Unidos e Nova Zelândia em intercâmbios em busca de técnicas e novidades em equipamentos para aprimorar os serviços aeroagrícolas no Uruguai.
Além de buscar aeronaves nos Estados Unidos, seguindo pela Rota do Pacífico em uma época que não existia GPS e cruzando a Cordilheira dos Andes, ela também esteve na fábrica da Embraer, em São Paulo, para liderar o transporte de aviões Ipanema comprados pelo governo uruguaio.
A pioneira se manteve ligada aos céus por muitos anos. Em janeiro de 1995, em seu aniversário de 71 anos, ela se tornou a primeira mulher no Uruguai a bordo de uma aeronave de combate, uma FAU-283 Dragonfly. Aos 80 anos, comemorou seu aniversário com um salto de paraquedas.