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As indústrias de café devem repassar aumentos de 20% a 30% nos preços para o varejo nos próximos dois meses, para transferir parte da alta da matéria-prima sofrida a partir de novembro e que ainda não foi repassada. A avaliação é da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Pavel Cardoso, presidente da Abic, observou que, em 2024, o preço da matéria-prima pago pela indústria subiu 116,7% em média, enquanto os preços da bebida ao consumidor aumentaram 37,4%. “Tivemos aumentos superiores a 180% até agora. A indústria absorve uma parte, mas parte ainda será repassada aos supermercadistas e, por consequência, aos consumidores”, afirmou Cardoso.
O executivo acrescentou que o preço do café girava em torno de R$ 800 a R$ 810 a saca no começo de 2024 e passou de R$ 2 mil até o fim do ano. “Imaginamos que ainda haverá repasse ao consumidor, mas essa decisão é de cada indústria. E naturalmente depende de como as cotações vão se comportar até maio, para saber se vai ser necessário o repasse ou não”, afirmou Cardoso.
Neste momento, o preço do café se aproxima do limite de US$ 4 por libra-peso, e a ansiedade em relação à colheita da produção brasileira ajuda a aumentar a tensão no mercado internacional, segundo Cardoso. “Os fundos estão aumentando as apostas no café. Mas o quanto vão apostar e a que nível esse preço pode chegar não sabemos”, disse Cardoso.
O presidente da Abic observou que a precisão para 2025 é de uma colheita menor de café no Brasil, com queda a produção do café arábica e aumento de conilon. Ainda assim, o executivo não vê risco de desabastecimento no mercado.
Ele acrescentou que o volume de exportação em 2024 foi maior devido ao aumento da demanda global mas também devido ao aumento das compras pelos países europeus, que buscaram formar estoques antes da entrada em vigor da EUDR, que acabou sendo postergada para dezembro de 2025.
Ainda segundo Pavel, após a colheita da safra atual e se o clima continuar favorável, é possível que a safra de 2026 seja maior. “Se nada der errado com o clima possivelmente poderemos ter uma safra recorde em 2026”, afirmou o executivo. Se a expectativa for mantida, pode haver melhora nos preços do café a partir de setembro.