Cecília Nobre/RD NEWS
Rondonópolis/MT
Uma proposta do prefeito Cláudio Ferreira (PL) irritou profissionais da Educação de Rondonópolis. Durante evento, promovido pela Secretaria Municipal de Educação, para marcar o início do ano letivo de 2025, Cláudio anunciou a entrega de veículos Toyota Corolla aos professores que apresentem a melhor turma ou o melhor índice de desempenho.
Conforme o liberal, sete veículos zero quilômetro serão entregues aos professores com melhores desempenhos no ano. “Vamos juntos transformar a educação de Rondonópolis e dar um bom exemplo para o Brasil!”, discursou. O prefeito justificou que vem, com isso, trazendo princípios da iniciativa privada para o setor público.
Ele ressalta que essa ação na educação é o início de um processo em que o professor vai ser valorizado pelo seu trabalho, algo que não era feito até então pela municipalidade. “As empresas fazem isso, até Deus também prometeu recompensas para os mais comprometidos e nós também faremos isso, porque é o certo”, avaliou.
Neste sábado (1º), entretanto, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis (SISPMUR) emitiu uma nota de repúdio ao gestor municipal afirmando que o discurso de Cláudio gerou “intensas discussões, aborrecimentos e profundo desgosto na plateia”, pois ao anunciar o carro como um tipo de premiação, “o prefeito reduziu a valorização profissional a uma competição por méritos individuais”.
O sindicato relatou ainda que a indignação dos profissionais da Educação foi imediata, “criando um ambiente tenso e desagradável” e que mesmo diante da reação negativa, Cláudio manteve sua fala, “afirmando que quem não quisesse o Corolla deveria anotar o nome e ficaria de fora”.
Para a categoria, o que é esperado de um gestor público é o reconhecimento real do trabalho dos profissionais da educação, e não prêmios materiais que, para muitos, são inacessíveis diante das condições salariais e financeiras da profissão. O sindicato ressaltou que os profissionais da educação lutam por melhores salários, condições de trabalho adequadas e um plano de carreira justo, e não por premiações que não refletem a realidade enfrentada nas escolas.
“Senhor prefeito, o que os profissionais da Educação desejam é valorização profissional. Nossos salários estão defasados há anos, e nossos professores trabalham incansavelmente em nossas unidades de ensino, sempre em prol dos alunos, sem qualquer tipo de segregação, discriminação ou preconceito – termos que, infelizmente, ficaram evidentes em suas falas. Isso contrasta diretamente com o discurso do secretário de Educação, que destacou a inclusão como prioridade em nossas escolas. Lamentável!”, diz trecho da nota de repúdio.
Além disso, o sindicato destacou que o valor do trabalho educacional está em sua natureza colaborativa, envolvendo professores, coordenadores, diretores, assistentes e outros membros da comunidade escolar e que a ideia de premiar apenas um profissional, deixando de lado o esforço coletivo, foi vista como uma falha de reconhecimento das diversas contribuições que fazem a educação.
Outro apresentado pelo SISPMUR foi a realidade salarial dos profissionais da educação do município, afirmando que muitos não teriam condições de arcar com os custos relacionados a um carro, como impostos e abastecimento, o que torna a proposta ainda mais distante da realidade da maioria dos professores.
“O que nossos servidores da Educação exigem é valorização profissional, salários justos, revisão do PCCV e melhores condições para exercerem seu trabalho com dignidade”, disse o sindicato.
Ainda em sua nota, o SISPMUR lamentou a postura do prefeito e enfatizou que a luta pela valorização dos educadores deve ser pautada no reconhecimento do esforço coletivo e no compromisso com o bem-estar de toda a categoria. “Esperamos que, daqui para frente, possamos estabelecer diálogos produtivos e que as promessas feitas sejam cumpridas em prol dos nossos profissionais da educação”.