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AGRONEGÓCIOS Quarta-feira, 09 de Abril de 2025, 08:15 - A | A

09 de Abril de 2025, 08h:15 - A | A

AGRONEGÓCIOS / AGRONEGÓCIOS

Lembra dele? Paulo Baier usa estratégias do futebol para se dar bem como agricultor

Ex-jogador de Palmeiras, Criciúma, Goiás e Athletico-PR cultiva 150 hectares de soja no RS.

GloboRural
Ijuí/RS



A versão atleta de Paulo Baier dispensa apresentações. Em 21 anos de carreira, marcou 106 gols na Série A, levantou taças, foi eleito o craque do Brasileirão em 2013, distribuiu assistências, dribles e encantou até torcedores rivais.

Depois de pendurar as chuteiras em 2016, aos 41 anos, migrou para a área técnica e também foi campeão. Mas o que, talvez, pouca gente sabe é do seu lado agricultor.

Ao mesmo tempo em que comanda treinos, estuda adversários e orienta jogadores dentro das quatro linhas, o “Interminável”, como foi apelidado quando ainda era atleta pela vitalidade e o desempenho mesmo veterano, cultiva soja em Ijuí (RS). É isso mesmo: Paulo Baier, além de técnico de futebol, é produtor rural e não esconde o amor pela roça.

“Eu sou filho e neto de agricultores. Eles sempre plantaram soja, milho, trigo, e eu dei continuidade nessa tradição no agro porque gosto demais disso. Atualmente, só lido com a soja, mas já trabalhei com pecuária e vacas de leite. É uma coisa que eu gosto”, conta à Globo Rural.

Até os 15 anos, Baier ajudava a família na lavoura. Ele plantava e colhia soja, cuidava dos animais e tinha o futebol como hobby, mas, para realizar o sonho do pai, Elemar, ingressou nas categorias de base do São Luiz, o clube da cidade.

A habilidade com a bola nos pés logo deu frutos, e ele, inicialmente como lateral-direito – virou meio-campista mais tarde –, foi ganhando destaque e dinheiro para comprar terrenos próximos à casa da família.

“O meu pensamento sempre foi esse: adquirir terra. Junto com o meu avô, o meu pai tinha em torno de 25 hectares. As coisas foram acontecendo, e comprei aquelas que estavam à venda”.

Foto: Paulo Baier/Arquivo pessoal

paulo baier

Paulo Baier possui 180 hectares em Ijuí (RS), onde planta soja e culturas de inverno.

O ex-jogador e agora técnico possui propriedades que somam 180 hectares focadas apenas no cultivo de soja. Quando acaba a colheita, programa o plantio de aveia, nabo, milho e trigo, mas em pequena quantidade, apenas como forma de preparar o solo para a nova safra. E detalhe: todas as etapas contam com a sua participação.

“Quando eu era mais novo, fazia de tudo, então aprendi muitas coisas. Agora, tenho funcionários, mas sempre estou junto, colhendo, plantando, sei dirigir as máquinas...”, revela.

Os desafios na roça

Assim como muitos agricultores do Rio Grande do Sul, Paulo Baier teve as plantações de soja afetadas pela estiagem em 2025. A falta de chuva e o calor intenso nos primeiros meses do ano, com temperaturas acima dos 40ºC, prejudicaram o desenvolvimento do grão.

No início da colheita, etapa realizada em março, ele colheu cerca de 50 sacas de soja por hectare, mas, conforme o tempo foi passando e outras áreas exploradas, o número caiu para 30. Segundo ele, o saldo ainda foi positivo se comparado a outros produtores da região.

“A agricultura é de altos e baixos, né? Tem vezes que o resultado é bom, mas, em outros, não tem o que fazer. A seca foi forte, o que é uma situação muito ruim para o agro. Muita gente aqui teve uma quebra de safra grande, com 15, 10 sacas por hectare. Já pensou? Comigo até que não foi tão ruim. Tudo depende do clima”.

A paixão pelo agro

Paulo Baier é fascinado pelo interior e aprendeu com o futebol a usar estratégias também no agronegócio para driblar problemas e dificuldades e ter sucesso como agricultor.

E se diante dos jogadores ele precisa passar as melhores orientações para vencer partidas e levantar troféus, em Ijuí ele tenta acertar nas decisões para que a colheita de soja sempre supere as expectativas e renda lucro.

“Você precisa achar a melhor forma do plantio, a melhor semente para plantar, tem que ser no tempo certo… isso me dá uma satisfação que ninguém imagina. É a mesma coisa no mundo da bola, é montar uma estratégia para dar certo. Isso motiva, isso faz as coisas renderem e ir para frente”.

Para o futuro, Baier repete aquele mantra conhecido dos jogadores de futebol e quer “pés no chão”. O sonho é manter as propriedades ativas, continuar plantando soja e seguir a tradição da família.

“Tudo o que eu comprei, nunca vendi. Gosto de estar no campo, eu me sinto muito bem aqui. Quando estou de férias, vou lá na Linha 11 Norte e me sinto tão bem, fico renovado depois de um tempo fora. E é uma grande satisfação aumentar as terras de quem veio do nada. De 25 hectares, que eram do meu pai e do meu avô, agora eu tenho 180. Isso mostra que as coisas estão dando certo. Procuro aumentar dentro do padrão, melhorando o maquinário e implementando a tecnologia. É isso o que eu penso e o que eu quero”, finaliza.

Relembre a carreira

Paulo Baier iniciou no futebol atuando nas categorias de base do São Luiz, de Ijuí, quando tinha 15 anos. Pelo profissional, jogou por Criciúma, Atlético-MG, Botafogo, Vasco da Gama, América-MG, Palmeiras, Goiás, Athletico-PR, Ypiranga e Juventude e decidiu encerrar a carreira no mesmo lugar onde começou: o São Luiz.

O trabalho como técnico também é extenso, com passagens por Próspera, Brusque, Toledo, Criciúma, São José-RS, Botafogo-SP, Figueirense e Hercílio Luz. Atualmente, comanda o Juventus, de Jaraguá do Sul (SC), com a missão de levar o Moleque Travesso à elite do Campeonato Catarinense.



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