Repórter MT
Cuiabá/MT
Neste sábado (12), completou um mês do assassinato da adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena, de apenas 16 anos, que estava grávida de nove meses e teve a filha arrancada de seu ventre por Nataly Helen Martins Pereira, 25. O caso estarreceu o estado de Mato Grosso e chegou a ganhar repercussão internacional devido à frieza da assassina, que confessou o crime.
Ao RepórterMT, a tia de Emelly, Emilene Moraes, conta como foi o primeiro mês sem a sobrinha.
“A gente fecha os olhos e volta à cena do crime como se a gente estivesse lá. A gente se pergunta por que ela não voltou? Ela viu que tava meio suspeito, por que não ligou para alguém? E quando a gente se pergunta isso, pensamos o que será que ela passou quando estava viva e foi cortada, quando foi assassinada. Por mais que a gente tenta lembrar dos momentos alegres dela, tudo nos remete ao dia do crime, à procura, à busca, a como tudo aconteceu”, relata.
"Aqui em casa tem peças de roupas dela e olhar tudo isso, fica um vazio... Não haverá mais datas comemorativas para a gente. A perda dela a gente nunca mais vai superar, vai amenizar", lamenta.
Sobre a filha de Emelly, a bebê Liara, a tia conta que ela está sob os cuidados da mãe de Emelly, que mora em Várzea Grande. A tia reside em Cuiabá. "Ela tá bem, tá sendo assistida, aceitou bem o leitel. É uma criança bem tranquila, é o anjinho da família. A gente acha que tá ficando bem parecida com a mãe".
A família não planeja nenhum encontro ou protesto para este sábado.
Relembre o caso
No dia 12 de março, Emelly foi dada como desaparecida pelos familiares após sair de casa para buscar doações de roupas para a filha, que estava prestes a nascer. Contudo, ela não retornou mais para a residência.
Os donativos faziam parte do plano de Nataly, que já havia planejado todo o crime. A assassina estava há mais de dois meses à procura de uma vítima e, quando encontrou alguém no perfil que procurava, ou seja, em situação de vulnerabilidade e com uma gestação bastante avançada, ela atraiu a menina para uma emboscada.
Na data do desaparecimento, Nataly pediu para que Emelly a encontrasse em uma casa no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá, local que era de propriedade do irmão da assassina, Cícero Martins Pereira. Na residência, Nataly enforcou e asfixiou a vítima, amarrou seus pés e mãos, rasgou a barriga da adolescente em formato de “T”, para facilitar o parto forçado e retirar a criança, e depois jogou a vítima em uma cova rasa, no quintal da casa. Emelly morreu agonizando, se esvaindo em sangue.
Horas depois de cometer a barbárie, Nataly foi até o Hospital Santa Helena, onde encontrou com o marido, Christian Cebalho, para tentar registrar a bebê que acabava de roubar. Na unidade de saúde, a assassina alegou que havia tido um parto em casa. Porém, ela foi submetida a exames médicos, que constataram que ela não havia estado gestante recentemente. Com essa desconfiança, a equipe acionou a polícia, que foi até o hospital e encaminhou a assassina para a delegacia.
Na manhã do dia seguinte (13/03), por volta das 12h, o corpo de Emelly foi localizado pela polícia. Minutos depois, Nataly, seu esposo, seu irmão e o cunhado dela, Alédson Oliveira, foram presos, suspeitos de envolvimento no assassinato. Eles permaneceram na delegacia para serem ouvidos até a noite daquele dia, quando Nataly confessou ter cometido o crime sozinha, sem a ajuda de ninguém, fazendo com que os outros três fossem liberados.
Com a confissão, a Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) iniciou o inquérito policial, que culminou no indiciamento da assassina por quatro crimes, sendo eles: homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver, tentativa de subtração do bebê e uso de documento falso.
No entanto, o Ministério Público do Estado (MPE) entendeu que houve vários agravantes no caso e ofereceu denúncia contra Nataly por oito crimes: feminicídio qualificado, tentativa de aborto sem consentimento da gestante, subtração de recém-nascido para colocação em lar substituto, dar parto alheio como próprio, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso.
Essa denúncia já foi encaminhada, no dia 27 de março, à 14ª Vara Criminal de Cuiabá, e foi recebida pelo juiz Francisco Ney Gaíva.
Desde então, Nataly está presa em uma cela separada na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, em Cuiabá.
Um segundo inquérito policial está em andamento na DHPP e deve ser concluído em até 15 dias. O documento vai analisar se a assassina realmente agiu sozinha na morte brutal da adolescente ou se ela teve algum tipo de ajuda, seja dos outros três rapazes, que já foram liberados, seja de demais pessoas que possam estar envolvidas no crime, mesmo que indiretamente, ou seja, ainda que não tenham participado da execução da jovem.