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GERAL Quarta-feira, 18 de Dezembro de 2024, 08:25 - A | A

18 de Dezembro de 2024, 08h:25 - A | A

GERAL / ESQUEMA NA TRIBO

Prefeito reeleito teria comprado votos com fralda e frangos, revela MPE/MT

Índios transferiram títulos de outras cidades para Brasnorte

Brenda Closs/Folhamax
Brasnorte/MT



Na ação de investigação judicial eleitoral que pede cassação do diploma do prefeito reeleito de Brasnorte, Edelo Ferrari (UB), sua vice, Roseli Borges (PSB), e ainda do vereador eleito Gilmar das Obras (UB) por abuso de poder econômico, o promotor eleitoral Jacques Barros Lopes revela a compra de votos dos povos originários até mesmo com frangos congelados. É destacada ainda a influência do servidor municipal Rogério Gonçalves na tribo Enawene Nawe.

O quarteto, juntamente com os filhos de Gilmar, Alexandre Augusto Gonçalves e Junior Augusto Gonçalves, e outro servidor, João Gomes da Silva Júnior, também são alvos da ação. Conforme a denúncia, o servidor atuava diretamente como uma espécie de elo entre os candidatos e os indígenas e os induzia a transferir o título eleitoral para Brasnorte e a votar nos suspeitos em troca de vantagens, sendo dinheiro, combustível e frangos congelados.

Um dos indígenas, identificado como Tiago Silva, ainda revelou que houve oferta de fraldas, medicamentos e conserto de veículos a membros da tribo que vinham à Brasnorte buscar atendimento em saúde para que eles também transferissem o título eleitoral. Também revelou que Gilmar e Edelo pediram para que os indígenas eleitores não falassem sobre o assunto.

Também teria sido oferecido R$ 20 mil para serem divididos entre os eleitores da tribo no dia da votação. "A fúria em angariar eleitores e a confiança na impunidade eram tamanhas que Gilmar, através de seus filhos Alexandre Augusto Gonçalves e Junior Augusto Gonçalves contratou a empresa Ômega Turismo (a mesma que seria novamente contratada às vésperas da eleição), para transportar indígenas com a finalidade de realizar a transferência de títulos no mês de novembro de 2023", diz trecho da denúncia.

De acordo com o MPE, Rogério possui tanta influência entre os indígenas, que até mesmo chega a se comunicar no idioma deles, sendo peça importante no contato com o grupo. "Ainda, Rogério foi o principal fiscal da coligação “Vamos Juntos Seguir em Frente” na escola Cerejal, local de votação onde os indígenas Enawene Nawe foram distribuídos nas seções 107, 108, 109 e 120", detalha.

Consta ainda que entre 07 de novembro de 2023 e 25 de março de 2024, 107 indígenas eleitores de Juína, Comodoro e Sapezal, ou seja, cidades vizinhas, transferiram o título de eleitor para Brasnorte, sendo que, destes, 96 votaram. "O candidato vencedor (Edelo) obteve 166 votos e o segundo colocado (Eric), angariou a preferência de 82 pessoas. Ou seja, a diferença entre eles foi de 84 votos, o que demonstra o potencial da influência do voto indígena Enawene Nawe", observou o promotor.

Assim, conforme Jacques Barros Lopes, por mais que não seja possível saber em quem cada eleitor indígena votou devido ao sigilo dos votos, é de se notar que o peso da tribo Enawene é bastante grande e capaz, por si só, de definir os rumos da eleição. Vale lembrar que a diferença final na eleição majoritária entre o Ferrari e Fantin foi de apenas 155 votos.

A investigação constatou ainda que Rogério e João Gomes, apesar de serem servidores públicos com dedicação exclusiva e possuírem salários, respectivamente, de R$ 7.416,74 e R$ 5.092,15, movimentaram, em pouco mais de três meses, vultosas quantias, conforme relatório técnico. “Para o investigado João Gomes da Silva Junior tem-se o valor de R$ 56.036,84 apurados como crédito em todas as contas no período de sigilo levantado e o valor de R$ 57.036,91 apurados como débito para o mesmo período. Para o investigado Rogério Gonçalves tem-se o valor R$ 200.090,60 apurados como crédito em todas as contas no período de sigilo levantado e o valor de R$ 204.101,40 apurados como débito para o mesmo período".



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