Roberto Samora, Rodrigo Viga Gaier/Folha S. Paulo
Brasil
As cotações do arroz ao produtor brasileiro acumulam queda de 20% no ano, o que indica que os consumidores devem continuar se beneficiando de um alívio no valor do produto básico nos supermercados, mas a pressão de alta da inflação que deve preocupar o governo Lula vem do milho e do impacto nas carnes, segundo especialistas.
Enquanto o arroz em casca é negociado abaixo de R$ 80 a saca de 50 kg no Rio Grande do Sul pela primeira vez desde outubro de 2022, o milho na praça referencial de Campinas (SP) opera em torno de R$ 90 a saca de 60 kg, no maior valor nominal em cerca de três anos, com alta de mais de 23% em 2025, segundo dados do Cepea, da Esalq/USP.
A queda nos preços do arroz ocorre por um esperado aumento de mais de 15% na produção brasileira, com boa recuperação na colheita gaúcha, além de uma melhora na oferta global. No caso do milho, o Brasil começou o ano com estoques baixos, há demanda firme da indústria de etanol e de carnes, além de preocupações com a segunda safra, a maior do país, que ainda precisa contar com o clima nos próximos meses para confirmar as previsões.
A alta do milho está entre os fatores considerados pela consultoria para ver uma inflação acima da meta em 2025 —de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos—, em momento em que os preços dos alimentos têm preocupado integrantes do governo sobre o impacto disso na popularidade do presidente Lula.
A consultoria citou que os preços do milho em Rondonópolis, umas das referências em Mato Grosso, operavam em meados do mês com alta de mais de 40% sobre o mesmo período do ano passado, para cerca de R$ 85 a saca, no maior nível desde o início da invasão russa sobre a Ucrânia, no início de 2022.